quarta-feira, 31 de outubro de 2012

TORTURA NUNCA MAIS


O Monumento Tortura Nunca Mais é um monumento localizado na praça Padre Henrique, cidade do Recife, Pernambuco. Foi o primeiro monumento construído no país em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos brasileiros no período de grandes conflitos da história do Brasil.Sua construção foi decorrente de um concurso público realizado pela prefeitura do Recife em 1988, que previa, não só a construção de um monumento que emblemasse as condições de tortura e desrespeito à dignidade da pessoa humana às quais a população esteve sujeita durante o regime militar brasileiro, como toda a revitalização do local.

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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

EDUCAÇÃO NAS PRISÕES




É possível sonhar estando preso? Reflexões sobre a Educação de Jovens e Adultos na prisão em Campos Belos!
*Por Josivaldo Moreira de Carvalho e Pedro Ferreira


Com muito esforço e dedicação, bem como contrariando a vontade de boa parte da sociedade temos acompanhado em Campos Belos a educação de jovens e adultos que se encontram detidos no presidio da cidade. Sabemos que não é um trabalho fácil, sobretudo por que predomina uma consciência conservadora na sociedade de que quem já foi preso, não importa o crime que cometeu não merecem uma segunda chance.
Partindo do relato da experiência de educadores, educandos bem como de demais pessoas envolvidas com o projeto podemos afirmar que o resultado tem sido bastante positivo. Não só por garantir o direito de todos, acesso a educação, mas, sobretudo por dar a oportunidade desses seres humanos construírem uma nova história.
Os educandos com muita disciplina e respeito aos educadores tem conseguido desenvolver o aprendizado bem rapidamente, sobretudo em relação a aprender ler e escrever, bem como também melhora o seu comportamento. Aquele que consegue a liberdade à primeira coisa que tem feito é continuar os estudos na escola regular.
Só quem já esteve em uma prisão mesmo que só visitando pode imaginar minimamente a condição de vida daqueles que ali vivem. Mas o que temos percebido é que a sala de aula tem sido um espaço de construção de sonhos e esperança de uma nova vida daqueles que ali foram condenados a viver.
Hoje dia 24 de outubro do ano em curso realizamos uma oficina de formação com os educandos, educadores (Edvaldo, Luciana, Maísa, Soraia, educador da RECID Pedro Ferreira, Psicóloga Kênia e o Diretor do Colégio Estadual Professora Ricarda Josivaldo Moreira) onde sistematizamos a experiência de três meses de educação na Unidade Prisional em Campos Belos. O resultado se apresenta satisfatório e acreditamos que esses educandos estão dedicando o seu tempo em uma formação que estar além da leitura e escrita, mas sobre tudo uma formação para a vida.







terça-feira, 16 de outubro de 2012

Convite – II Etapa da Escola de Formação Política de Educador@s Populares de Goiás



Camaradas,

Das organizações populares, movimentos populares, pastorais sociais entre outras organizações de luta da classe trabalhadora. Queremos convidá-los a participar da II Etapa da Escola de Formação Política de Educadores Populares que acontecerá nos dias 19, 20 e 21 de outubro de 2012.

Nessa segunda etapa teremos como objetivo compreender como se da o processo de criminalização da pobreza e dos movimentos populares e resgatar a história das lutas populares em Goiás bem como refletirmos sobre a necessidade das organizações populares na superação das desigualdades socioeconômicas.

O tema dessa etapa será “Educação Popular – Sonhos e resistência nas lutas dos movimentos populares contra a criminalização.” Sendo que no dia 19 de outubro ás 19h teremos a ciranda popular de abertura da Escola onde estaremos discutindo – As lutas do movimento popular em Goiás. Para tanto contaremos com a assessoria do Professor Davi Maciel (UFG). A Ciranda de abertura da II Etapa da Escola será aberta para toda a comunidade e acontecerá no Centro Cultural Caravídeo.

Já nos dias 20 e 21 de outubro discutiremos sobre “A criminalização da pobreza e dos movimentos populares.” E teremos a assessoria do Advogado Alan Hahnemamm (Cerrado Assessoria Jurídica). Esse segundo momento da escola acontecerá no Assentamento Palmares (Varjão – Goiás), e as vagas são limitadas, por tanto quem for continuar neste segundo momento deve se inscrever pelo e-mail:talhergoias10@gmail.com ou pelo telefone: (062)3203-5322.

O deslocamento para o Assentamento será logo após o termino da Ciranda Popular, sendo que a Rede de Educação Cidadã garantirá o transporte aos participantes bem como alimentação. Orientamos também aos participantes levarem roupa de cama e produtos para higiene pessoal, e também quem quiser levar barraca para acampar, podem ficar a vontade.

Esperamos contar com a presença dos militantes e educadores populares para discutirmos e aprofundarmos a cerca da Criminalização da pobreza e dos movimentos populares em Goiás.

Atenciosamente,

Secretaria Rede de Educação Cidadã de Goiás

Goiânia, 09 de Outubro de 2012.

VAMOS PARTICIPAR





segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ELEIÇÃO MUNICIPAL EM CAMPOS BELOS



VEREADORES ELEITOS NO MUNICIPIO DE CAMPOS BELOS / 2012
  1. Nego da Patrola, 591 votos
  2. Arione, 583 votos
  3. Juranda, 480
  4. Márcio Valente, 416 votos
  5. Sargento Abreu, 382 votos
  6. Denilson, 381 votos
  7. Luiz da Ótica, 377 votos
  8. Ari, 364 votos
  9. Marreta, 346 votos
  10. Ademir da Sucam, 335 votos
  11. João Pedro, 297 votos


PREFEITO: Ninha
VICE PREFEITO: Zé Candido

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Modelo do agronegócio desperdiça 35% da produção brasileira de alimentos

4 de outubro de 2012

Da IHU On-Line
Vislumbrando o aumento do consumo de alimentos nos próximos vinte anos, a expansão agrícola deve considerar as áreas degradadas e investir em produtos diversificados, oriundos das florestas e biomas do país. “Só no território amazônico, existe entre 12% e 17% de áreas degradadas, que poderiam ser utilizadas para produção agrícola”, aponta o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Adalberto Val. Em sua avaliação, a agricultura brasileira ainda está “concentrada em produtos que são extremamente convencionais”, e o país “não está avançando diante da enorme biodiversidade que tem”.
 
O desperdício de alimentos gerado pelo atual modelo de desenvolvimento agrícola é um desafio a ser resolvido. Segundo o pesquisador, cerca de 30% dos alimentos produzidos vai para o lixo, e isso significa que de “cada R$100,00 em produtos, perde-se cerca de R$30,00”. E enfatiza: “Trata-se de uma perda bastante significativa dentro desse contexto. Se você imaginar que, para um produtor ou um empregado, essa proporção poderia melhorar sua qualidade de vida, podemos dizer que vale a pena investir para reduzir essas perdas”. 
 
Segundo o entrevistado, reaproveitar as terras já desmatadas e a diminuir o desperdício de alimentos dependem do investimento em ciência e tecnologia. “Há um grande interesse do governo, mas falta pessoal qualificado para estudar as regiões que têm terras degradadas”, diz em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone. E conclui: “Basta considerar o caso da Amazônia e dos nove estados amazônicos, ou seja, cerca de 60% do território brasileiro. Nessa área toda, tem pouco mais de quatro mil doutores, metade dos quais não está envolvida com a produção científica, pois muitos se encontram trabalhando com questões administrativas de uma maneira geral. Então, apesar de o Brasil estar formando 11 ou 12 mil doutores por ano, a quantidade desse pessoal fixada nessas áreas do país ainda é bastante frágil e reduzida”.
 
Confira a entrevista:
 
Quais são as razões de 35% da produção agrícola brasileira ir para o lixo? O que isso demonstra sobre o modelo agrícola brasileiro? 
 
A produção agrícola brasileira está concentrada em produtos que são extremamente convencionais. Quer dizer, o Brasil não está avançando diante da enorme biodiversidade que tem. Boa parte dos produtos agrícolas é desperdiçada ainda no campo, depois em função do transporte.
 
Apesar disso, cabe ressaltar, por um lado, as possibilidades que o Brasil tem de avançar de forma bastante significativa no uso de novos produtos a partir da diversidade biológica. Por outro, um aspecto extremamente relevante e importante dentro deste contexto é utilizar as áreas degradadas nos diferentes biomas brasileiros para produção agrícola. Só no território amazônico, existe entre 12% e 17% de áreas degradadas, que poderiam ser utilizadas para produção agrícola. Evidentemente que esse reaproveitamento das terras depende de informação científica. Portanto, a otimização não só para a redução das perdas agrícolas, mas também para utilização de áreas degradadas e para a busca de novos produtos na biodiversidade depende fundamentalmente de ciência e tecnologia. Por isso é preciso imediatamente direcionar recursos para que se possam utilizar novas tecnologias.
 
Eu não estou falando só da produção plantada no solo, mas também de outros processos de produção de proteínas, como a produção de peixes, que é uma alternativa extremamente importante e interessante para o Brasil por conta de sua vasta extensão hídrica. É possível avançar nesta área de forma significativa. O mundo aponta hoje para uma expansão de necessidade de alimentos para daqui a 20 ou 30 anos. Então, o Brasil vai precisar dobrar a produção de alimentos. Em vista disso, se fizer uma análise geral nos países do mundo que têm condições de atender a essa demanda, verá que é reduzido o número de países que são capazes de atender a essa questão e, entre eles, está o Brasil. O Brasil talvez seja um dos únicos países capaz de dobrar a produção agrícola em um curto espaço de tempo.
 
Como estão os investimentos em tecnologias para reaproveitar as áreas degradadas?
 
Há um grande interesse do governo, mas falta pessoal qualificado para estudar as regiões que têm terras degradadas. Basta considerar o caso da Amazônia e dos nove estados amazônicos, ou seja, cerca de 60% do território brasileiro. Nessa área toda, tem pouco mais de quatro mil doutores, metade dos quais não está envolvida com a produção científica, pois muitos se encontram trabalhando com questões administrativas de uma maneira geral. Então, apesar de o Brasil estar formando 11 ou 12 mil doutores por ano, a quantidade desse pessoal fixada nessas áreas do país ainda é bastante frágil e reduzida.
 
Qual é o custo econômico e social desse desperdício para o Brasil?
 
Em uma estimativa, o Brasil perde algo em torno de 30% de todo o processo agrícola. Isso significa que de cada R$100,00 em produtos, perde-se cerca de R$30,00. Trata-se de uma perda bastante significativa dentro desse contexto. Se você imaginar que, para um produtor ou um empregado, essa proporção poderia melhorar sua qualidade de vida, podemos dizer que vale a pena investir para reduzir essas perdas. Seria possível treinar melhor as pessoas em um processo de inclusão social mais efetivo, dentro de um processo educativo mais amplo.
 
Que mudanças seriam necessárias para reverter esse quadro? Seria o caso de modificar a logística do transporte ou pensar um novo modelo de desenvolvimento agrícola?
 
Temos de caminhar nesses dois sentidos. A tendência geral sempre foi nos adaptarmos a um modelo pré-pronto e estudar uma melhoria do modelo. Portanto, precisamos de novos conceitos, novas modalidades para atuar na agricultura. Por isso o investimento em ciência e tecnologia no sentido de definir novas formas de transporte, novas formas de utilização e novas formas de armazenamento para os produtos agrícolas é fundamental.
 
Além do desperdício, quais são os outros gargalos que o circuito dos alimentos e a agricultura enfrentam no Brasil?
 
A questão da segurança alimentar deixa o Brasil fragilizado. Na realidade, é preciso proteger melhor o processo de produção agrícola no país, principalmente no que se refere a sistemas que vulnerabilizam a agricultura. Nesse sentido, é necessário trabalhar fortemente para proteger o sistema agrícola, por um lado. Por outro, é necessário precisamos buscar novas variedades agrícolas, que sejam mais produtivas em determinados ambientes, de forma que se possa ampliar a produção de alimentos cultivados nas florestas e biomas brasileiros. Na Caatinga, no Pampa e na Mata Atlântica temos um conjunto bastante significativo de informações, que poderiam ser transformadas em novas oportunidades. Portanto, explorar, do ponto de vista da diversidade biológica, novos produtos e novas variedades é extremamente importante para melhorar a produção agrícola, inclusive dando mais competitividade a ela.
 
Outro aspecto extremamente importante é a questão da perspectiva desses novos cenários de mudanças climáticas que o Brasil e o mundo deverão enfrentar. Como o sistema de produção agrícola e de produção animal irão se comportar em cenários em que a temperatura será mais elevada e nos quais haverá maior concentração de dióxido de carbono na atmosfera?
 
Qual é o papel do Brasil diante da crise alimentar? E como conciliar a exportação com o consumo interno?
 
Tenho insistido muito no seguinte: em algumas áreas o Brasil não pode ficar a “reboque” das agendas que são geradas em outros países. Por exemplo, no que se refere à biologia tropical, não há por que copiarmos ou executarmos uma agenda que não é nossa. O Brasil precisa ocupar o papel de protagonista nesse contexto de crise alimentar. 
 
Em relação à questão do abastecimento interno, precisamos melhorar o processo educativo de uma maneira. Nós temos um vício cultural muito grande com relação ao desperdício de alimentos, e a solução desse problema depende de uma mudança de postura, que deverá vir a partir de mudanças profundas nos processos educativos do país.
 
Na última década o Brasil triplicou o uso de agrotóxicos na agricultura. É possível desenvolver uma agricultura sem a utilização desses produtos?
 
É possível, principalmente com base no manejo biológico, que é fundamental nesse processo. Em um ambiente natural não é utilizado agrotóxico. Por que se usa o agrotóxico? Porque estamos trabalhando com uma variabilidade genética menor. Toda vez que trabalhamos com uma variabilidade genética menor, tornamos o organismo cultivado muito mais frágil, e aí a necessidade de usar o agrotóxico é cada vez maior. Na realidade, precisamos de um processo adaptativo de manejo biológico no sentido de manter a rusticidade dos organismos, plantas e animais, diante de um processo de produção que é diferente daquele que tem um ambiente natural.
 
Como compreender a crise alimentar do mundo, considerando a quantidade de alimentos produzidos? A raiz deste problema é econômica e política?
 
É mais política do que econômica, e está fortemente relacionada ao processo educativo. Precisamos melhorar todo processo educativo no sentido de otimizar o uso dos produtos agrícolas de uma maneira geral. Se observarmos dentro da nossa própria casa, o volume de alimentos que desperdiçamos é muito grande. Talvez pudéssemos alimentar pelo menos mais um terço dos habitantes com os alimentos que desperdiçamos. Como eu disse, trata-se de uma questão cultural. Precisamos trabalhar essa questão ao longo do tempo, para que se possa ter uma postura diferenciada no futuro.
FONTE:  http://www.mst.org.br

MST fará grande luta da sua história para exigir a condenação dos crimes em MG

2 de outubro de 2012

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

No dia 20 de novembro de 2004, cinco trabalhadores sem terra foram brutalmente assassinados, e mais vinte ficaram feridos após a invasão do acampamento Terra Prometida, no município mineiro de Felisburgo, pelo latifundiário Adriano Chafik Luedy e seus jagunços.

Após oito anos do massacre, cujos responsáveis ainda não foram julgados, a violência no campo em Minas Gerais permanece: em uma manifestação dos quilombolas, que reivindicam uma área em Varzelândia, cuja posse já foi decretada, um jagunço assassinou um quilombola com um tiro nas costas.

De acordo com Afonso Henrique de Miranda Teixeira, coordenador das promotorias agrárias de Minas e membro da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, “a causa principal da violência é a não realização da Reforma Agrária, que já é uma violência em si. Sem ela é que temos a eclosão dos conflitos. Se concebemos que os conflitos agrários se dão por causa da terra, o maior responsável pela violência é o governo ao não realizar a Reforma Agrária”.

A violência no campo ocorre de três maneiras distintas: por meio da contratação de jagunços e pistoleiros pelos fazendeiros, pela formação de milícias armadas, com policiais militares a serviço do agronegócio e dos fazendeiros, e por meio do Judiciário, que tem assinado mandados de despejo com regularidade.

De acordo com Silvio Neto, da direção Estadual do MST, “nem o governo federal nem o estadual vem fazendo ações para reprimir a violência; pelo contrário, são responsáveis pela violência ao não desapropriar terra, deixando os trabalhadores vulneráveis à pistolagem, às milícias e ao poder judiciário”.

Um fator que impulsiona a violência no campo é a negligência com a qual os trabalhadores rurais são tratados ao denunciar aos órgãos oficiais condições de conflito. Segundo Silvio, “o massacre em Felisburgo vinha sendo anunciado três anos antes de acontecer. O MST e a Pastoral da Terra vinham denunciando ao governo, e nada foi feito. Os trabalhadores além de ter que exigir um direito do governo, não são ouvidos diante do clamor de justiça, para que os governos pudessem intervir no massacre anunciado”.

Na mesma linha segue Afonso: “trinta dias antes do massacre, fiz um ofício à regional de polícia local alertando a eles que tomassem providências, porque estava se formava um quadro que poderia levar a consequências muito ruins. Mesmo com o Ministério Público em cima, a ineficiência estatal se fez presente, aliada a um preconceito em relação aos trabalhadores rurais e ao atendimento de suas reivindicações. Isso para mim é o que determinou Felisburgo. O preconceito inviabiliza ações mais efetivas e energéticas por parte do poder público”, denuncia.

O julgamento do mandante do massacre de Felisburgo está marcado para 17 de janeiro de 2013. Para pressionar por justiça e pelo assentamento e indenização das famílias vítimas do massacre, o MST pretende realizar em Minas Gerais diversas lutas e mobilizações. “Estamos nos articulando com um conjunto de outras organizações, e até 17 de janeiro, vamos fazer a maior luta da nossa história para exigir a condenação desses crimes e pedir o assentamento imediato das famílias”.     

Milícias
A formação de milícias armadas, formada por policias militares em conluio com os latifundiários, constitui uma das forças mais graves de repressão aos trabalhadores rurais. Os policiais aproveitam da distância e invisibilidade do campo e se utilizam dos equipamentos do estado para cometer atos de violência.

Segundo Silvio, nos locais “onde o agronegócio vai se consolidando, a exemplo do triângulo mineiro, essas milícias vão tendo mais regularidade e atuam com mais freqüência, com métodos repressivos, como despejos forçados nos quais se usam veículos da PM, dirigido por policiais sem farda. Ou então patrulhas da PM com emblemas da sociedade rural, o sindicato patronal dessa região”, relata.

Afonso analisa que, apesar das milícias serem um agravante na violência do campo no estado, medidas estão sendo tomadas para combatê-las. “Temos hoje cerca de 80 jagunços e 20 fazendeiros processados por formação de milícias, em várias regiões do estado. Fizemos prisões preventivas, requeridas pelo MP, chamadas de prisão cautelar, enquanto há o processo de apuração dos casos.

O procurador afirma que o Ministério Público está agindo contra a violência no estado, e que até hoje, com o apoio do Judiciário, não se perdeu nenhum caso. Para ele, o problema está na morosidade com que os processos são julgados no país. “Se as pessoas processadas não foram julgadas até hoje, isso advém das causas relativamente comuns no Brasil, em particular a morosidade judicial. Os processos estão em andamento. A justiça no Brasil não funciona com eficiência. A causa da impunidade aqui tem como causas os meios processuais existentes”.

Dois pesos, duas medidas
Se a lei é morosa para condenar fazendeiros e pistoleiros, ela não falha na hora de ser usada contra os trabalhadores. A juíza da vara agrária federal de Minas Gerais, Rosilene Martins,assinou no último período 14 liminares de despejo para acampamentos dos sem terra, alguns com mais de dez anos de existência, sem verificar se os terrenos cumpriam a função social da terra.

Segundo Silvio, os despejos ocorrem porque “o poder judiciário impõe, diante dessa morosidade do Incra e dos governos em criar os assentamentos, os despejos das famílias, sem que haja para elas nenhuma alternativa para onde ir”. A violência durante as ações de despejos também é comum. “Na hora do despejo é corpo de bombeiro, polícia montada, tropa de choque, geralmente se aliando com a burguesia agrária, usando fogo, veneno e maquinários para destruir os acampamentos”, afirma o dirigente do movimento.

“Na área penal, se o Judiciário anda bem, na área civil é um desastre, sobretudo nas reintegrações. É uma violência cometida contra os trabalhadores rurais no dia a dia. A reintegração de posse é rápida e eficiente porque é uma decisão política, no sentido de manter o status quo, sem qualquer questionamento, baseada no preconceito contra os
trabalhadores. É uma catástrofe jurídica”, completa Afonso.

Para resolver o problema da violência no campo, não só em Minas como no resto do Brasil, é preciso que se realize uma política efetiva de Reforma Agrária. No entanto, não há vontade política do poder público de realizar a Reforma Agrária. “Temos 2200 pessoas assentadas, 2900 acampadas, algumas delas há mais de 14 anos. Não há nada que impeça jurídica e tecnicamente o assentamento dessas famílias, a não ser uma posição política do governo em decretar isso”, afirma Silvio.

Enquanto não houver vontade política para fazer a Reforma Agrária, os trabalhadores e lutadores do campo continuarão sendo alvo de violência. “Na verdade a sociedade brasileira nunca quis fazer a Reforma Agrária, e continua não querendo, e quem se propõe a lutar por ela sofre as diversas formas de violência. Estar num barraco de lona dentro de um grande latifúndio já é uma violência, e ser retirado dali por um estado que não cumpre seu papel é uma violência maior ainda”, diz Afonso. 
FONTE: http://www.mst.org.br